Pré-plantio: manejo adequado minimiza riscos

17/11/2022

Apesar de ser uma ótima ferramenta para o manejo de pragas e doenças, o tratamento de sementes de milho precisa estar alinhado a outras técnicas de manejo, tais como um bom manejo de plantas daninhas, diminuindo a população de plantas hospedeiras de pragas e doenças nas áreas.

Conhecer o histórico de ocorrência de pragas e doenças nas áreas e monitorar as populações de insetos anteriormente à semeadura também são técnicas que auxiliam para o sucesso da escolha do produto mais adequado a ser utilizado no tratamento das sementes.

 

Estrutura de preparação do solo

Atualmente, grande parte das áreas no Brasil é cultivada sob sistema de plantio direto, devido aos vários benefícios que esse sistema de cultivo proporciona, porém, em relação ao desenvolvimento de pragas e doenças, esse sistema favorece algumas espécies, pois a manutenção da umidade no solo, pode favorecer a manutenção fungos fitopatogênicos e o não revolvimento do solo que antes era realizado em seu preparo, não oferece mais controle mecânico bem como a exposição de insetos a radiação solar, técnicas que eram favoráveis ao controle de algumas espécies. Sendo assim, o tratamento de sementes se tornou ainda mais importante nos dias atuais.

 

Quem nos traz mais detalhes é o engenheiro agrônomo e pesquisador na área de Entomologia da UPL, Helvio Campoy. Ele conta que, atualmente, os inseticidas para o tratamento de sementes que contém os ingredientes ativos Fipronil, Neonicotinoides (Imidacloprido, Tiametoxam e Clotianidina), Carbamatos e Diamidas (Clorantraniliprole e Ciantraniliprole) são amplamente utilizados, porém a escolha pelo ingrediente ativo ideal para ser utilizado, depende de uma série de fatores que precisam ser levados em consideração no planejamento para a implantação da cultura.

“É importante verificar as principais pragas que ocorrem com maior frequência na região e monitorar as áreas antes da semeadura, fazendo um levantamento populacional das espécies de pragas. Outro ponto a ser levado em consideração é com realização a aplicação de inseticida na ocasião da dessecação, identificando o grupo químico e modo de ação do inseticida utilizado, permitindo fazer a escolha do inseticida a ser utilizado no tratamento de sementes, respeitando as recomendações de manejo da resistência de insetos aos inseticidas”, disse.

No caso da cultura do milho existem diversas pragas que atacam o estágio inicial do desenvolvimento das plantas, causando danos significativos, nas quais, podemos citar as principais espécies de mastigadores (Spodoptera frugiperda e Elasmopalpus lignosellus) e sugadores (Diceraeus melacanthus e Dalbulus maidis). “Para as espécies de mastigadores citadas anteriormente, comumente são utilizados inseticidas contendo Fipronil, Diamidas e Carbamatos, que apresentam efeito de contato e ingestão, podendo ser translocados da região do tratamento para a parte aérea da planta via xilema. Já para as espécies sugadoras, os inseticidas Neonicotinoides são os mais recomendados devida ao alto potencial de translocação, sendo altamente sistêmicos, garantindo a proteção de toda planta contra essas espécies de pragas”, afirmou o pesquisador.

Falando especificamente sobre a praga Dalbulus maidis, também conhecida como cigarrinha-do-milho, que ano após ano está se tornando cada vez mais difícil fazer o seu controle segundo Campoy, devido ao uso intensivo das áreas com sucessão da cultura do milho sobre milho, cultivando até três safras dessa mesma cultura sucessivamente. “Sendo assim, o tratamento de sementes tem um papel fundamental no auxílio à proteção inicial da cultura, visto que os primeiros 20 dias de desenvolvimento da cultura são os mais importantes, pois é nessa fase que a planta se encontra mais sensível ao ataque da praga, podendo ser infectada pelos fitopatógenos (Vírus e molicutes) causadores de doenças que a cigarrinha dispersa como vetor.

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